Nosso Jeito (autista) de Ser

As We See It (Nosso Jeito de Ser) é uma série lançada em 2022 e conta a história de três autistas adultos, Violet, Jack e Harrison, que, em busca de maior autonomia e independência, decidem – com apoio de suas famílias - morar juntos (sob os cuidados de uma “mentora”, Mandy), que os guia pelos caminhos do confuso, ora (muitas vezes) ilógico e desafiador mundo dominado por neurotípicos. Vemos, ao longo da primeira temporada - e já estou ansiosa pela segunda -, o tamanho sofrimento que acomete os protagonistas, não pelo autismo em si (sabe-se que o TEA incute algum grau de disfuncionalidade – variando para mais ou para menos, conforme cada indivíduo – que vai influenciar no modo como os autistas se relacionam com o “mundo” e vice-versa), mas pela sociedade excludente que os leva a internalizar que seu jeito de ser é inapropriado, indesejado, inconveniente e insuficiente. Tais sentimentos os levam ao isolamento e frustração.

Acompanhamos Violet, ansiosa por um relacionamento amoroso, tentando maquiar suas peculiaridades e se “mutilando mentalmente”; Jack vendo todo seu potencial ser desperdiçado em uma empresa que não confia em suas ideias brilhantes e inovadoras, após ter sido rejeitado em inúmeras entrevistas de emprego, devido ao preconceito; e Harrison descobrindo que a maioria das pessoas não está preparada para a sinceridade, sensibilidade e inocência de um jovem que só quer conseguir sair de casa sem desencadear uma crise de ansiedade e fazer um amigo.

Destaca-se na série, além do roteiro extremamente sensível e ótimas fotografia, direção e atuações, o fato de os atores protagonistas serem realmente autistas. Suas performances são genuínas e emocionantes.

As We See It é uma ótima oportunidade para compreender melhor uma faixa desse espectro e refletir sobre como a sociedade pode verdadeiramente acolher, aceitar e incluir as “diferenças”. Como já mencionei: inclusão não é uma faixa colorida na placa de atendimento preferencial.

Reflitamos.