Reflexões sobre o suicídio em O Mito de Sísifo
- kylquintela
- 26 de set. de 2021
- 3 min de leitura

⛰️Sísifo, na mitologia grega, com algumas variações da causa, foi condenado, por enganar os deuses, a realizar uma tarefa por toda a eternidade: teria que rolar uma pedra montanha acima, para que ela voltasse à base e o trabalho começasse outra vez.
📖Em "O mito de Sísifo", Albert Camus reconhece no herói uma paixão pela vida e uma recusa incisiva da morte (em uma versão do mito, Sísifo teria aprisionado o deus da morte, Tânatos, e ludibriado o deus dos mortos e do submundo, Hades). Suas ações provocaram a ira dos deuses, que o castigaram com uma punição enfadonha e despropositada; ainda que "absurda", Sísifo seguia em frente com sua tarefa.
🧐Neste ensaio, Camus reflete sobre a estética do absurdo e considerações sobre o suicídio. Para o filósofo, viver prescinde de sentido, pois encontrar um "verdadeiro" sentido para a vida está além da compreensão humana, cabendo-nos viver um dia de cada vez. Ao tentar estabelecer um sentido para a vida, o que é absurdo, na percepção do filósofo, o homem entra em conflito. Em O Mito de Sísifo, o Prêmio Nobel de Literatura, abraça o absurdismo como filosofia de vida.
Sendo a vida absurda, aceitá-la como tal, ao invés de perseguir um sentido maior, é necessário para a libertação (cada indivíduo deve viver de acordo com suas escolhas).
💫A partir desse pensamento, Camus nega o suicídio como uma "solução", pois considera que se a compreensão do sentido da vida é absurda, tão ou mais absurdo é combatê-la. Sendo assim, ao invés de se evitar o absurdo com outro absurdo (aqui significando "contraditório") deve-se viver apesar dele, com paixão e um dia de cada vez.
"Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não à pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia. (...) Viver, naturalmente nunca é fácil. (...) O que é, de fato, o homem absurdo? Aquele que, sem negá-lo, nada faz pelo eterno. Não que a nostalgia lhe seja alheia. Mas prefere a ela sua coragem e raciocínio. A primeira lhe ensina a viver sem apelo e a satisfazer-se com o que tem, o segundo lhe ensina seus limites. Seguro de sua liberdade com prazo determinado, de sua revolta sem futuro e de sua consciência perecível, prossegue sua aventura no tempo de sua vida."- Albert Camus –O Mito de Sísifo.
Esta é uma singela apreciação da obra de um dos maiores filósofos contemporâneos, na minha humilde opinião. O conjunto da obra de Albert Camus e, em particular, seus textos pautados no absurdismo são de uma complexidade indescritíveis. Qualquer tentativa de resumir algum desses textos, está infinitamente aquém de seu brilhantismo.
Apresento humildemente O Mito de Sísifo como um convite a essa leitura prazerosa e a reflexões sobre o tema.
🎗️A conclusão que queremos (Camus, com sua filosofia, e eu, com a nossa ciência) reforçar é que o suicídio não é solução para os percalços da vida.
Hoje, para além dessas reflexões filosóficas, avançamos muito nos estudos científicos acerca do tema e seguimos avançando cada vez mais, de modo a proporcionar tratamentos e intervenções cada vez mais eficientes. Portanto, se você está (ou conhece alguém que esteja) sofrendo, procure um médico ou um psicólogo! Falar é a melhor solução.
Confira o trabalho do Centro de Valorização da Vida.
Referência: CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. Editora Record, 2019.
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